terça-feira, 21 de maio de 2013

"Pão e circo para o povo"



Dois acontecimentos no último fim de semana fizeram me remeter a uma citação do imperador romano Vespasiano, ao ser indagado do motivo da construção do Grande Coliseu de Roma. A aflição do povo em busca do dinheiro do Bolsa Família, logo depois de um boato propagado em que o mesmo seria extinto, e a reação da platéia em um evento de artes marciais - no caso o MMA - exemplificam o que o povo tupiniquim gosta: pão e circo.

Não vou aqui escrever sobre o efeito prático nas famílias com pobreza e extrema pobreza (segundo o próprio site do Governo) que se beneficiam de tal programa social. E nem me estender muito ao falar dos efeitos benéficos que um evento esportivo que se encontra em constante demanda pelo mundo pode resultar pelo país. Somente acho estranho que, no primeiro caso, como uma população pode se conter - e tentar sobreviver -  de benefícios sociais de um Governo em que sempre gostou de falar que a miséria está sendo erradicada no Brasil, vangloriando-se de um plano econômico que "freou" a inflação galopante com efeitos sobre as classes sociais mais pobres terem mais "poder aquisitivo". Público e notório que a prática não é exatamente isso o que acontece, e aquela velha separação de Estado/Povo prevalece como uma rocha firme na montanha, enquanto um dá esmola, o outro agradece.




Não sou contra a esportes de qualquer espécie. Por mais que seja beirando a barbárie (que eu penso que seja o UFC), ele traz sempre algum benefício ao ser humano, pelo simples fato de exigir exercício físicos independente do grau de esforço que se exponha. Há o lado social muito importante, a reintegração de pessoas ao convívio na sociedade pode ser feito através de modalidades esportivas desse tipo. Há vários exemplos espalhados pelo país de ONGs e outras instituições que fazem isso. Sem esquecer do mercado esportivo, cuja o aumento da movimentação econômica no setor é evidente em eventos voltados ao esporte, sendo bem organizado a nível de médio e grande porte. Mas no modelo "causa e efeito", o público que assiste ao evento do Mixer Martial Arts parece abraçar a violência vista nos ringues, se manifestando aos gritos de "vai morrer!" entre outros insultos aos adversários de seus compatriotas. Impossível não acreditar que essas atitudes fazem parte de uma violência banalizada, onde há vários produtores que propagam - mesmo indiretamente - esse comportamento, como a grande mídia. Mas isso é uma outra história e bem mais complexa .

Também não vou dar uma de puritano. Claro que percebo que a luta em si precisa de torcida e o brasileiro há tempos demostrou que apóia os atletas nacionais. Futebol, Vôlei, Basquete, Judô e Natação são alguns de muitos esportes em que todos nós já gritamos e torcemos pela vitória brasileira. Mas o UFC vem demostrando que esse pensamento positivo não garante mais a atenção de certas pessoas. Os atletas desses eventos não tem culpa alguma de aguçar esse instinto selvagem. Embora a provocação seja parte do evento, todos eles são seres humanos e possuem responsabilidades como todo cidadão do mundo. Mas como em Roma, são jogados as arenas para disputar quem é mais forte. Com a diferença de não lutarem até a morte e nem receberem veredito mortal de um imperador.
Assim como Vespasiano, vejo que o Governo e a mídia, um casal com um relacionamento muito antigo e cada vez mais sólido, dá o povo o que ele pede e merece...


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